Sem esperança, jovem quer parar tratamento: 'Se não vou viver feliz, prefiro morrer'
Ao ser questionado se não vale a pena lutar enquanto há vida, ele diz que não tem a força de outros sobreviventes José Maria Tomazela,...
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Ao ser questionado se não vale a pena lutar enquanto há vida, ele diz que não tem a força de outros sobreviventes
José Maria Tomazela, do Estadão Conteúdo
“É egoísmo uma mãe querer que o filho não desista de viver? Acho que não. Eu faria isso por qualquer pessoa, mesmo que não fosse meu filho.” Assim a professora Edina Maria Alves Borges, de 55 anos, justifica ter iniciado uma batalha judicial contra o próprio filho, José Humberto Pires de Campos Filho, de 22, para obrigá-lo a submeter-se a sessões de hemodiálise. “Ele decidiu morrer e acha que é um direito. Como mãe, só quero que ele lute pela vida dele.”
José Humberto decidiu não tratar a doença renal que pode levá-lo à morte, disse estar ciente de que vai causar polêmica, mas age conforme sua consciência. “Sei o que é melhor para mim. E o melhor é viver do jeito que vivia antes, e era feliz. Se não vou viver feliz, prefiro morrer”, disse. Humberto falou à reportagem minutos antes de sair de casa para fazer aquela que espera ser uma das últimas sessões de hemodiálise.
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“Estou indo por ser obrigado pela Justiça, mas vou lutar para derrubar a liminar.” A doença renal comprometeu o funcionamento dos rins e o jovem morador de Trindade, em Goiás, precisa fazer hemodiálise para não entrar em coma, que pode se tornar irreversível. Como se nega a aceitar o tratamento, sua mãe recorreu à Justiça.
Ele descobriu a doença em 2015, quando percebeu que os pés ficavam inchados. Ele morava com o pai nos Estados Unidos desde os 15 anos. A doença renal foi diagnosticada em setembro através de biópsia.
Uma liminar do juiz Éder Jorge, da 2.ª Vara de Trindade, interditou parcialmente o rapaz para que seja obrigado a submeter-se ao tratamento. “É um tratamento insuportável, contínuo. E não cura, será pelo resto da vida. Sinto muita dor, passo muito mal, saio da máquina superdebilitado. Não quero isso para minha vida. Não compensa viver assim”, disse.